O Clube da luta
O filme O clube da luta, baseado no livro de Chuk Palahniuk e dirigido por David Fincher (1999) precisaria de um outro livro caso fosse receber uma análise a altura da grandeza de suas cenas, interpretações e mais do que tudo, pela sua capacidade de suscitar reflexões fascinantes por uma série de colocações iluminadas. Porém, nessas breves palavras me aterei a um dos momentos que considero mais espetaculares da obra.
Em uma das muitas missões impostas por Tyler (alter ego de nosso personagem principal sem nome) ele pega um rapaz e o arrasta, sob ameaça de morte, para um terreno vazio e sentencia através de ações e palavras violentas, que irá matá-lo ali mesmo, após este ser colocado de joelhos, implorando por sua vida.
Tyler é simples e frio e deixa bastante claro ao nosso amigo inusitado que se derramava em lágrimas, que os seus dias sobre a Terra haviam chegado ao fim ali mesmo.
Então, num último momento ele lhe faz uma pergunta, no mínimo inusitada. Tyler lhe indaga sobre em que trabalha, ao que ele responde como sendo um ajudante em uma loja local, se não me falha a memória, ao compreender então Tyler volta a perguntar, desta vez sobre o que o rapaz gostaria de ter como profissão na vida, qual era seu sonho antes disso.
O rapaz desesperado e ainda em prantos então lhe diz que gostaria de ser veterinário.
Numa compreensão (bondade) e sagacidade absurdas, Brad Pitt na pele de uma de suas maiores interpretações no cinema, discorre como a carreira de veterinária exigiria mais de seu esforço e dedicação e aponta como o rapaz havia sido covarde em não haver seguido seu sonho, então, como um último ato, de salvação eu diria, ele pega seus documentos e sentencia:
_ Você irá para casa agora, eu sei tudo sobre você. Essa será a melhor noite da sua vida, amanhã quando você acordar tomará o melhor café da manhã de todos e a primeira coisa que fará, antes de qualquer outra, é matricular-se na universidade para cursar veterinária.
Ao soltar o agora grande corredor e questionado por sua contraparte sobre por que havia feito isso ele lhe responde que deu ao garoto uma nova vida.
Não creio haver muito a dizer sobre essa cena pois seu impacto em uma mente atenta será certamente, grandioso.
Trata-se de uma metáfora de situações inexoráveis da vida, dos momentos quando esta nos chama a atenção de forma tenaz para as coisas que não quisemos enxergar antes.
Por mais que o Todo seja amor, a lei de causa e efeito e a forma como a estrutura das leis universais são estabelecidas, fazem com que a existência seja implacável com todos nós.
Sendo assim, não espere que a vida lhe coloque uma arma na cabeça exigindo que dê o seu melhor e seguindo seu coração, ou que, mais terrivelmente ainda, até este momento já tenha passado e tenha que arcar com as consequências de não haver caminhado rumo à grandeza e felicidade para os quais foi destinado!