Simples X Simplório
Isso diz respeito também à nossa própria evolução que caminha por diferentes etapas nas quais existe uma gama quase infinita de interesses (ilusões) pelas quais o ego teima em se apegar, de forma ferrenha, muitas vezes.
Nesses caminhos, a tendência natural é que o ego, até então SIMPLÓRIO (entenda-se por isso uma condição desprovida de complexidade, informação de nível mais elevado e com um grau de consciência diminuto) identifique-se com algo que entende como imprescindível para si e para o qual sua atenção e devoção são totais, como um vírus por exemplo, o qual tem como foco propagar-se e matar, mesmo que esteja "cavando o próprio túmulo", já que o corpo que está destruindo é também sua casa.
O próximo passo é o da dualidade, na qual o ego identifica tanto o que quer, como o que não quer pra si.
Esse momento é marcado pela iniciativa de juntar-se a um grupo, fazer parte de algo maior.
Mas uma questão bastante interessante sobre isso é que esse tipo de interesse ocorre mais pelo desejo de separação do que de união.
O grupo escolhido o coloca (na condição de estar) contra outros (a outra religião, o outro deus, o outro time, o outro partido...) e eles podem então, de certa forma "se unirem pelo ódio" contra seus inimigos, que são: "o mal".
Já a SIMPLICIDADE é algo que transcende essa busca pelos extremos, ela nasce da compreensão, da desidentificação com as formas e com a maturidade desse ego que já não anseia por algo externo que supra suas necessidades egoístas.
Como dizia o mestre Leonardo da Vinci - A simplicidade é o último grau de sofisticação.
Apenas em um estado de relativa iluminação, é possível pra nós apreciarmos, de forma simples, as incontáveis realidades que se afiguram na existência, as quais nesse estágio, deixam de ter a importância exagerada, unilateral e mesmo prejudicial que o ego simplório lhe direcionava pois nossa condição passou a ser a de um observador, muitas vezes fora do processo, mesmo que o estejamos vivendo.